quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Entende-se Danças Folclóricas as expressões populares desenvolvidas em conjunto ou individualmente, frequentemente sem sazonalidade obrigatória. Tudo indica que é na coreografia que reside  seu elemento definidor. Existe um grande número delas no Brasil.

REGIÃO NORTE
  • Camaleão (AM) - é dança de pares soltos que desenvolvem coreografia construída por sete diferentes passos, chamados jornadas. Organizados em duas fileiras, homens e mulheres executam passos laterais de deslize, vênias entre os pares, palmas na mão do parceiro, troca de lugares, sapateados ritmicos, requebrados, palmeados das mulheres e dos homens entre si, terminando com o passo inicial. O conjunto musical é formado por viola, cavaquinho, rabeca e violão. Nessa dança usa-se indumentárias específica inspirada "no tempo do império": os homens trajam fraque de abas, colete, culotes, meias brancas longas, sapato preto afivelado, gravata pomposa; as mulheres trajam saias longas rodadas, blusas soltas, meias brancas, sapatos afivelados.
  • Carimbó (PA) - dança de roda formada por homens e mulheres, com solista no centro que baila com requebros, trejeitos, passos miúdos arrastados e ligeiros. O apogeu da apresentação é quando a dançarina, usando amplas saias, consegue cobrir algum dançador, volteando amplamente a veste. Este gesto provoca hilaridade entre todos. Caso jogue a saia e não cubra o parceiro, é imediatamente substituída. O nome da dança deriva de um dos instrumentos acompanhantes, um tambor de origem africana.
  • Ciranda (AM) - é uma rapsódia composta de várias partes, acompanhada da música "Ciranda, Cirandinha". Dança-se em círculo, moças e rapazes vestidos à moda antiga. No final é exibido o episódio do carão (pernalta jaburu) que é morto pelo caçador. O carão e o caçador aparecem fantasiados.
  • Dança do Maçarico (AM) - apresenta música saltitante com coro alegre e animado. Os dançarinos, organizados aos pares, desenvolvem uma coreografia constituída por cinco diferentes movimentos: "Charola", "Roca-roca", "Repinico", "Maçarico"e " Geléia de mocotó". Os pares, hora enlaçados ora soltos, dão passos corridos para frente e para trás, de deslize laterais, volteios rápidos, rodopios ligeiros, culminando com uma umbigada. A música é executada em sanfona ou acordeão, viola, rabeca, tambores pequenos pifanos.
  • Dança do Sol - inicialmente se chamou Quaraci Poracê, dançada entre os índios do Município de Carvoeiro, em 1931, e divulgada posteriormente com o nome de "Tipiti"  ou "Dança do pau de fita". Possui os seguintes passos: Caracol; Tipiti de um; Tipiti de dois; Tipíti de três; Tipiti de quatro; Trança; Rede; Chochê  (Desafio).
  • Desfeiteira (AM, PA) - dança de pares enlaçados que circulam livremente pelo salão. A única obrigatoriedade é passar, cada par por sua vez, diante do conjunto musical que executa partituras alegres e vivas de: valsas, polcas, sambas rurais, chulas amazonenses, mazurcas, xotes etc. Repentinamente, os músicos cessam de tocar e os pares  também estacam onde estiverem. Aquele que coincidir estar na frente da banda passará por uma prova: o músico chefe escolhe a dama ou o cavalheiro para declamar versos. Quem não conseguir é vaiado por todos e, por esta desfeita, paga uma prenda, ficando assim desfeiteado.
  • Gambá (toda a região) - dança de terreiro, o Gambá é constituído de brincantes, um "marcador", um grupo de quatro cantores, uma mulher solista e seu parceiro. Os demais formam uma roda ou duas fileiras, que envolvem o par solista e batem palmas no ritmo executado no "Gambá", isto é, um tambor feito de tronco de árvore com cerca de um metro de comprimento. A dança se inicia com uma mulher que acena um lenço grande  colorido, requebra e mexe o corpo voluptuosamente de modo a provocar o entusiasmo dos demais. Depois de alguns momentos atira-o aos pés de algum dançador do grupo. Este recolhe o lenço e sai em perseguição da dama, que simula fugir das investidas do cavalheiro. O cavalheiro então sim ula desinteresse e a dama passa a provocá-lo com movimentos lascivos sempre com o auxílio do lenço. A dança termina com a aceitação do cavalheiro que, com a dama, improvisa movimentos sensuais.
  • Serafina (AM) - é executado por homens e mulheres que se organizam em duas fileiras, por sexo. Nesta posição desenvolvem  movimentos chamados "Batição", que tem denominações próprias: "Puçá", "Mala", "Lance alto"; organizam-se depois em círculo e executam outros movimentos: "Arrodeio alto", "Arrodeio baixo", "Cacuri" e "Tapagem", retornam às fileiras  e dançam ainda o "Arrastão" e  a "Repartição". Quando nas fileiras, os dois primeiros pares formam grupos de quatro dançadores e desempenham as batições entre si. Os participantes carregam alguns implementos que referenciam o aspecto simbólico desta dança: remo de tamanho natural, arpões, lenços grandes atados à volta do pescoço, fitas coloridas presas à cintura, chapéu de palha. Os remos e arpões são colocados no chão e não tem nenhuma utilidade prática; as fitas e os lenços são usados no "Lance alto" e no "Lance baixo", figurações marcadas pelo cruzamento dos lenços de cada dupla de pares. A música é caracteristicamente rural: cavaquinho, reco-reco, violão, tambor gambá, caracaxás e maroca. Este último é um tambor pequeno, recoberto com couro de cobra sobre o qual colocam-se duas linhas paralelas cheias de contas que vibram juntamente com o couro.

REGIÃO NORDESTE
  • Cavaco Piancó (PI) - originária do Município de Amarante, cavalheiros e damas, formando pares, compõem um círculo e dançam imitando o trote de um cavalo manco. O andamento  musical varia entre apressado e moderado e a coreografia às marcações determinadas pela letra: trote apressado, trote requebrado, batidas de pés, galope saltitante etc. A letra pode ainda ser improvisada, o que influii na coreografia dos dançadores.
  • Ciranda (PB, PE) - dança desenvolvida por homens, mulheres e crianças. Os dançarinos formam uma grande roda e dão passos para dentro e para fora do círculo, provocando ainda um deslocamento do memso no sentido anti-horário. A música é executada por um grupo denominado "terno", colocado no centro da roda, tocando instrumentos de percussão - bumbo, tarol, caixa, ganzá - e de sopro - pistons e trombones.  As canções tiradas pelo mestre cirandeiro e respondidas pelo coro dos demais, tem temáticas que  refletem as experiências da vida.
  • Coco (toda a região) - difundido por todo o Nordeste, o Coco é dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de par ou de solo individual. Há uma linha melódica cantada em solo pelo "tirador" ou "conquista", com refrão respondido pelos dançadores. Um vigoroso sapateado denominado "tropel" ou "trope"produz um ritmo que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. O coco apresenta variadas modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música. Os "Coco solto",  "Quadras", "Embolada", Coco de entrega", "Coco de dez pés", são referidos pela métrica literária; os "Coco de ganzá", "Coco de zambê", pela música; os "Coco de praias",  "Coco de usina", "Coco de sertão", pelos locais; os "Coco de roda", "Coco de parelhas ligadas", "Coco solto", " Coco de fila", " De parelhas trocadas", " De tropel repartido", "Cavalo manco", " Travessão", "Sete e meio", "Coco de visitas",  pela coreografia. A umbigada é presente em muitas variantes. No Rio Grande do Norte  o Coco é chamado "Zambelô", "Coco de Zambê", e "Bambelô". Possui um  in strumental muito complexo, constituído por atabaques, pequenos tambores, ganzá,e afoxé ou maracá.
  • Dança de S. Gonçalo (AL, BA, MA, PI, SE) - dança religiosa, organizada em pagamento de promessa devida a São Gonçalo. O promesseiro é quem organiza a função, administrando todo o processo necessário à realização deste ritual. Em Sergipe esta dança é executada somente por homens. A única mulher presente não tem papel ativo. Este grupo é constituído por: "Patrão", "Mariposa",Tocadores", Dançadores". Patrão e dançadores usam trajes especiais. O primeior veste-se de marinheiro, por influência do mito; os demais usam  in dumentárias que revela influência árabe: anáguas e longas saias floridas, blusa de renda branca cavada, xale colorido em diagonal no peito, turbante envolvido em fitas multicores , colares e pulseiras. A coreografia consta de uma série fixa de evoluçõe s que se repete a cada jornada.   
  • Dança do Lelê (MA)- também conhecida pelos nomes de "Péla", ou "Péla-porco", o Lelê é dançado em pares dispostos em filas lideradas pelos "cabeceiras" ou "mandantes", "de cima" e " de baixo". Esta dança compreende quatro partes distintas; "Chorado", "Dança Grande", "Talavera" e "Cajueiro". Os instrumentos musicais são a rabeca, o pífano, castanholas artesanais, violão, cavaquinho e pandeiro. Os cantos improvisados, são inspirados em acontecimentos do cotidiano. O Lelê é dança de salão sem dia nem mês específicos, embora possa ser organizada como dança votiva ou fazer parte da Festa do Divino e de outros santos populares.
  • Espontão (RN, PB) - o nome deriva da meia lança usada pelos sargentos de infantaria no séc. XVIII. É realizada por grupos de homens negros, cada um deles trazendo uma pequena lança com  a qual desenvolvem uma coreografia que simula guerra. O chefe, denominado "Capitão da lança",  é o que leva a lança grande . Percorrem as ruas ao som de tambores marciais; nas casas que visitam dançam agitando a lança e os espontões, realizando saltos de ataque, recuos de defesa, acenos guerreiros, numa improvisação que revela grande destreza nos movimentos. Não há cânticos mas acompanhamento rítmico produzido nos tambores marciais.
  • Frevo (PE) - embora esteja praticamente em todo o Nordeste, é em Pernambuco que o Frevo adquire expressão mais significativa. Dança individual que não distingue sex o, faixa etária, nível sócio-econômico, o frevo frequenta ruas e salões no carnaval pernambucano, arrastando multi dões num  delírio contagiante. As composições musicais são a alma da coreografia variada,  complexa, acrobática. Dependendo da estruturação musical, os frevos podem ser canção, de bloco ou de rua. A coreografia recebe denominações específicas: "Chã de barriguinha", "Saca-rolha", "Parafuso", "Tesoura", "Dobradiça", "Pontilhado", "Pernada", "Carrossel", "Coice-de -burro", "Abanando o fogareiro", "Caindo nas molas" etc.

  • Maculelê (BA) - bailado guerreiro desenvolvido por homens, dançadores e cantadores, todos comandados por um mestre, denominado "macota". Os participantes usam um  bastão de madeira com cerca de 60 cm. de comprimento. Os bastões são batidos uns nos outros, em ritmo firme e compassado. Essas pancadas presidem toda a dança, funcionando como marcadoras do pulso musical. A  banda que anima o grupo é compos ta por atabaques, pandeiros, às vezes violas de doze cordas. As cantigas são puxadas pelo "macota" e respondidas pelo coro.
  •   Pagode de Amarante (PI) - de origem africana, o Pagode de Amarante é desenvolvido com os dançadores formando duas fileiras de pares que se cruzam sem obedecer a marcações coreógrafas estabelecidas. Cada par improvisa movimentos com rodopios, sapateado e ginga. A música é executada por dois cantadores e ritmada no "gafanhoto": consta de um pedaço de pau oco medindo 15 cm. de comprimento, batido com um pedaço de madeira, tocado por todos os homens que dançam. 
  • Tambor de Crioula (MA, PI) - dança das mais recorrentes no Maranhão, é caracterizada pela presença da umbigada, que recebe o nome de "punga". Desenvolvida com os dançadores em formação circular, a coreografia é executada de forma individual e consta de sapateios e requebros voluptuosos, com todo o corpo, terminando com a "punga", batida no abdômen de outro participante da roda. Os cantos são repetitivos, à semelhança d e estribilho. O ritmo é executado em três tambores feitos de tronco, escavados a fogo. O tambor grande é chamado Socador; o médio, Crivador ou Meão; o pequeno, Pererenga ou Pirerê.
  • Torém (CE) - dança de terreiro com participantesd de ambos os sexos que se colocam em formação circular, com o dançador solista ao centro. Tocando o Aguaim-espécie de maracá-o solista executa movimentos de recuo e avanço, requebros, sapateios, saltos, além daqueles imitativos de serpente e lagarto, revelador es de destreza e plasticidade. Os demais participantes marcam o compasso musical com batidas de pés  enquanto vão girando a roda no sentido anti-horário. A música, à capela, é cantada pelo solista e repetida pelo coro de dançador es. O "mocororó"- suco de caju fermentado - é distribuido fartamente durante todo o tempo da dança.
REGIÃO SUDESTE 
  • Batuque (SP, MG, ES) - dança de terreiro com dançadores de ambos os sexos, organizados em duas fileiras-uma de homens e outra de mulheres. A coreografia apresenta passos com nomes específicos: "visagens" ou "micagens", "peão parado" ou "corrupio", "garranchê", "vênia", "leva-e-traz" ou "cã-cã". São executados com os pares soltos que, saindo das fileiras, c irculam livremente pelo ter reiro. O elemento essencial em toda a coreografia é a umbigada, chamada 'batida": os dançadores dão passos laterais arrastados, depois levantam os braços e, batendo palmas acima da cabeça, inclinam o tronco para trás e dão vigorosa batida com os ventres. Os instrumentos musicais são todos de percussão: Tambu, Quinjengue, Matraca e Guaiá ou Chocalho.
  • Cana-verde (toda a região) - também chamada caninha verde, esta dança apresenta variantes no que se refere à cantoria, à coreografia, à poética e à música. No Rio de Janeiro, é uma das "miudezas" da Ciranda e uma dança com bastões. Algumas rece bem nomes variados; como cana-verde de passagem (MG e SP), cana-verde simples (SP). A disposição dos dançadores varia entre círculo de solista, fileiras opostas,  rodas concêntricas; os movimentos podem ser deslizes dos pés, sapateios leves ou pesados, balanceios, gingados, troca de pares. O movimento tido como característico é a "meia-volta", desenvolvida num círculo que se arma e se desfaz com  os dançador es deslizando, ora para dentro ora para fora, ora em desencontro, ora em retorno à posição in icial.
  • Catira ou Cateretê (MG, SP) - é executada exclusivamente por homens, organizados em duas fileiras opostas. Na extremidade de uma delas fica o violeiro que tem à sua frente o seu "segunda", isto é, outro violeiro ou cantador que o acompanha na cantoria. O início é dado pelo violeiro que toca o "rasqueado", para os dançadores fazerem a "escova" - bate-pé, bate-mão, pulos. Prossegue com  osa cantadoresiniciando uma moda de viola. Os músicos interrompem a cantoria e repetem o rasqueado. Os dançadores reproduzem o bate-pé, o bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda as batidas de pés e mãos. Acabada a moda, os catieiros fazem uma roda e giram batendo os pés  alternados com as mãos: e a figuração da "serra acima": fazem meia volta e repetem o sapateio e as palmas para o "serra abaixo", terminando com os dançadores nos seus lugares iniciais. O Catira encerra com o Recortado: as fileiras trocam de lugar, fazem meia-volta e retornam ao ponto inicial. Ne ste momento todos cantam o "levante", que varia de grupo para grupo. No encerramento do Recortado os catieiros repetem as batidas de pés, mãos e pulos.
  • Caxambu (MG, RJ) - dança de terreiro executada por homens e mulheres postos em roda sem preocupação de formar pares. No centro, fica o solista, "puxando" os cantos e improvisando movimentos constituídos de saltos, volteios, passos miúdos, balanceios. Os instrumentos acompanhantes são dois tambores, feitos de tronco de árvore, cavalos a fogo e recobertos com couro de boi. São denominados Tambu ou Caxambu e Candongueiro. Às vezes aparece uma grande cuíca, feita de tonel de vinho ou cachaça. É chamada Angoma-puíta. As músicas, denominadas "pontos", são tiradas pelo dançador solista e respondidas pelo coro dos participantes. O canto inicia com  pedidos de licença aos velhos caxambuzeiros desaparecidos e depois se mesclam de simbolismo e enigmas intrincados. Atualmente observa-se um sincretismo com  a umbanda, perc eptível na indumentária e nos adereços usados pelos participantes.
  • Ciranda (RJ) - No Rio de Janeiro o termo ciranda pode significar tanto uma dança específica quanto uma série de danças de salão, que obedecem a um esquema: Abertura, Miudezas e Encerramento. Enquanto dança, faz parte das miudezas da ciranda, baile. A Ciranda-baile, também denominada Chiba, tem na Chiba-caterete a que faz a abertura da série; as Miudezas são um conjunto de vari adas danças com nomes e coreografias diversas; Cana-verde de mão, Cana-verde valsada, Carangueijo, Arara, Flor-do-mar, Canoa, Limão, Chapéu, Choradinha, Mariquita, Ciranda, Namorador, Zombador. O E ncerramento é feito com  a Tonta, também chamada Barra-do-dia. As músicas  são da forma solo coro, tiradas pelo mestre em quadras tradicionais e circunstanciais, respondidas pelas vozes dos dançadores. O acompanhamento musical é feito por viola, violão, cavaquinho e adufe. Na Chiba-cateret~e o conjunto musical é composto ainda do Mancado; um caixote percutido com tamancos de madeira.
  • Dança de S. Gonçalo (MG, SP) - para sua execução os dançadores se organizam em duas fileiras, uma de homens e oputra de mulheres, organizados diante de um  altar do santo. Cada fileira é encabeçada por dois violeiros- mestre e contramestre- que dirigem todo o rito. A dança é diviida em partes chamadas "volta", cujo número varia entre 5,7, 9 e 21. As "voltas" são desenvolvidas com os violeiros cantando, as duas vozes, loas a S. Gonçalo, enquanto os dançadores, sapateando na fila em ritmo sincopado, dirigem-se em dupla até o altar, beijam o santo, fazem genuflexão e saem sem dar as costas para o altar, ocupando os últimos lugares de suas fileiras. Cada volta pode demorar 40 minutos a 2 ou 3 horas, d ependendo do número de dançadores. Na última "volta" - em São Paulo chamada "Cajuru"- forma-se uma roda onde o promesseiro dança carregando imagem do santo, retirada do altar. Em Minas Gerais, no Vale do São Francisco, a dança é desenvolvida por dez ou doze pares de moças, todas vestidas de branco. Cada uma delas leva um  grande arco de arame recoberto de papel de seda branco franjado, com os quais fazem figurações coreógrafas.
  • Dança do Tamanduá (ES) - organizada em rodas de homens e mulheres, um solista ao centro vai executando movimentos determinados pela letra da cantoria: pondo a mão na cabeça ou na cintura, batendo com o pé no chão, pulando para lá e para cá, mexendo com as cadeiras etc. As músicas são na forma solo-coro, o que permite improvisação nas ordens musicais cantadas pelo puxador.
  • Fandango (SP) - neste Estado há duas modalidades de Fandango: o do interior e o do litoral. O primeiro revela influências do tropeiro paulista. Dançam somente homens, em número par. Vestem-se com roupas comuns, chapéus, lenços ao pescoço, botas com chilenas com duas rosetas, sem os dentes. Estas chilenas, batidas no chão, funcionam com o instrumento de percussão no acompanhamento das "marcas", como Quebra-chifre, Pega na bota, Vira corpo, Pula sela, Mandadinho, dentre outras. A  música é a moda de viola comum. O palmeado e o castanholar de dedos estão presentes no início e dentre as "marcas". O Fandango do litoral compreende uma série de danças de pares mistos, tais como: Dão-dão, Dão-dãozinho, Graciana, Tiraninha, Rica senhora, Pica-pau, Morro-seco, Chimarrita, Querumana, Enfiado, Manjericão, etc. Cada "marca" apresenta coreografia própria, assim  como são também particulares a linha melódica e o texto poético.
  • Jongo (MG, SP) - dança de negros organizadas em roda mista, alternando-se homens e mulheres. No centro um solista, um jongueiro, que canta sua canção, o "ponto". Os demais respondem em coro, fazendo movimentos laterais e batendo palmas, nos lugares. O solista improvisa passos movimentando todo o corpo. O instrumental é composto por dois tambores - um grande, o Tambu, e um menor, o Candongueiro; uma Puita - cuica artesanal; um chocalho - o Guaiá, feito de folha-se-flandres. As melodias são construídas com o uso de poucos sons. A dificuldade  reside no texto literário dos "pontos", pois são todos enigmáticos, metafóricos. Quando o solista quer desafiar alguém, canta o "ponto da demanda", este deverá decifrá-lo, cantando a resposta: diz-se então que "desatou o ponto". Se não for decifrado, diz-se que "ficou  amarrado" pode passar por várias situações humilhantes e vexatórias, como cair no chão e não conseguir se levantar, não conseguir andar, etc.
  • Mineiro-pau (MG, RJ) -dança executada por homens, adultos e crianças, cada um levando um ou dois bastões de madeira. Desenvolvida em círculo ou em fileiras que se defrontam, os dançarinos, voltados de frente para o seu par, realizam uma coreografia totalmente marcada pelas batidas dos bastões no chão. S empre em compasso quaternário, o tempo forte musical é marcado com batidas dos bastões no chão. A variedade na forma de bater os restantes três tempos é que dá nomes específicos às partes: "Batida de três", "Batida de quatro", "Batida cruzada", "Batida no alto", Batida embaixo" etc. Muitos grupos tem como parte integrante o Boi Pintadinho  (RJ) ou Boi Lé  (MG), com sus principais personagens: a Mulinha, o Jaguará, o Boi, os Cabeções.
  •  Quadrilha (todos os Estados) - próprio dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil foi introduzida como dança de salão que, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência é importante a presença de um  mestre "marcante" ou "marcador", poi é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: "Tour", "En avant", "Chez des dames", "Chez des Chevaliê", Cestinha de flor", "Balancê", "Caminho da roça", "Olha a chuva", "Garranchê", "Passeio", "Coroa de flores", "Coroa de espinhos" etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo.
REGIÃO CENTRO-OESTE
  • Caninha-verde (toda região) - consta de uma roda de homens e mulheres que cantam e dançam permutando de lugares e formando pares. Os textos cantados são tradicionais e circunstanciais, acompanhados por viola, violão e pandeiro.
  • Catira (GO) - semelhante à existente na região Sudeste, esta dança é executada por homens que sapateiam , rodopiam e palmeiam num ritmo sincopado, intercalando com moda  de viola, executada por dois violeiros.
  • Siriri (MT) - dança de pares soltos que se organizam em duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres. No meio delas ficam os músicos. O início é dado com os homens cantando o "baixão", acompanhados das palmas dos demais participantes. A seguir um cantador "joga" uma quadra que é repetida por todos. Neste momento um  cavalheiro sai de sua fileira e se dirige à dama que lhe fica à frfrente, fazendo-lhe reverência e voltando ao lugar inicial. A dama o acompanha  até o meio do caminho, quando então se dirige a outro cavalheiro retorna também ao seu lugar inicial. Este cavalheiro repetirá a movimentação do primeiro e a dança assim  prossegue até que todos os participantes tenham feiro este solo. Os passos não tem marcação rígida, isto é, são in dividualizados. O acompanhamento musical pode ser apenas ritmico, executado em tambor e reco-reco; às vezes também apresenta instrumentos melódicos, como a sanfona e a viola de cocho.
  • Tambor (GO) - executada com um solista no centro de um círculo formado pelos dançadores. O ritmo é marcado por tambores e o canto é coletivo. A coreografia, desenvolvida pelo solista, distingue partes que recebem denominações específicas: "Juquitaia", "Serrador", "Negro-velho". A troca de solistas no centro da roda se processa através da umbigada.
  • Vilão (GO) - dança de conjunto cujos participantes se subdividem pela função: Batedores, Balizadores, Músicos, Regente e Chefe do grupo. Organizados em semicírculo, os Batedores, trazendo longos bastões de madeira, dão batidas nos bastões do parceiro,ao ritmo da marcação do apito do Regente e da execução musical da banda. Há uma série de movimentos que compreendem giros de corpo, volteios dos bastões, troca de lugares, encerrando com uma sequência de sete outros gestos rapidíssimos, chamados "Cerradinhos", que constam de batidas realizadas com os batedores agachados.
REGIÃO SUL
  • Balainha  (PR,SC) - conhecida também com o nome de Arcos Floridos ou Jardineira, a balainha é desenvolvida com os pares de dançantes, cada um deles, sustentando um arco florido. No início, os pares em fileiras fazem movimento ondulante passando, ora por cima ora por baixo dos arcos dos demais pares; formam depois grupos de quatro pares que, em círculo, intercruzam seus arcos no alto, armando assim  as "Balainhas". Ao final desmancham as "Balainhas" e retornam à posição inicial, com movimentos sincronizados e sequenciais.
  • Fandango (PR, RS) - o termo Fandango designa uma série de danças populares - chamadas "marcas". No Paraná, os dançadores, executam as variadas coreografias: Anu, Andorinha, Chimarrita, Tonta, Cana-verde, Carangueijo, Vilão de Lenço, Xarazinho, Xará Grande, Sabiá, Marinheiro, etc. O acompanhamento musical é feito com duas violas, uma rabeca e um pandeiro rústico, chamado adufo. As coreografias das "marcas" paranaenses constam de rodas abertas ou fechadas, uma grande roda ou pequenas rodas fileiras opostas, pares soltos e unidos.  Os passos podem ser valsados, arrastados, volteados, etc., entremeados de palmas e castanholar de dedos. O sapateado vigoroso é feito somente pelos homens, enquanto as mulheres arrastam os pés e dão volteios soltos. No Rio Grande do Sul, o Fandango apresenta vinte e uma danças, com nomes próprios: Rancheiro, Pericom, Maçarico, Pezinho, Balaio, Tirano-do Lenço, Quero-mana, Tatu, etc. O acompanhamento musical é feito pelo acordeão, chamado "gaita", e pelo violão. A coreografia recebe nomes também distintos - "Passo de juntar", "Passo de marcha", "Passo de recurso", "Passo de Valsa", "Passo de Rancheira", "Sapateio", etc.
  • Pau-de-Fitas (toda região) - para seu desenvolvimento prepara-se um mastro com cerca de três metros de comprimento, encimado por um conjunto de largas titas multicores,  de maior tamanho. Os dançadores, em número par, seguram na extremidade de cada fita e, ao som das músicas, giram em torno do mastro, revezando os pares de modo a compor  trançamentos que recebem os nomes: "Trama", "Trança", "Rede de Pescador". Em Santa Catarina há o "Tramadinho", "Trenzinho", "Zigue-Zague", "Zigue-Zague a dois", "Feiticeira" e "Rede de Pescador".
  • Vilão (SC) - desenvolvida por um grupo de 31 componentes, denominados batedores, balizadores, músicos e mestre, a dança consta de batidas de longos bastões, com variados movimentos e ritmos. O encerramento é feito com o "serradinho"; são 7 movimentos rapidíssimos, executados com os balizadores agachados.        
   

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