domingo, 11 de outubro de 2009

Brincando com a tabela de jogos!


Projeto "Festival de Jogos ou Jogos Internos do Colégio"


Iniciarei minhas justificativas para os Jogos com uma adaptação de um texto de Lino Castellani Filho.
"A tensão era grande... Durante dois meses, todas as atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física haviam girado em torno dos preparativos para os Jogos internos que agora se aproximavam.
Algo o incomodava. Não sabia bem o quê. Apanas sentia ser alguma coisa relacionada com a tristeza presente no olhar de seus amigos e amigas, ansiosos por jogar, mas que, por não serem os melhores, mais habilidosos, não haviam encontrado lugar e, assim, tinham que se conformar em ser meros espectadores. Incomodava-o também a sensação de participar de um evento promovido pelos professores, sem conhecer os procedimentos adotados em sua organização. Por que a eles, alunos, cabia apenas o papel de "praticar"como se toda a organização não lhes dissesse respeito? Que bom seria se nós, alunos, não só nos preparássemos para os jogos, mas também preparássemos os jogos. Se fosse assim, pensou,eu começaria decidindo que todos teriam o direito de jogar. Quem já soubesse jogar ensinaria quem tivesse dificuldades em praticar. Mas não só do saber se constitui a cultura corporal. Que bom seria, pensou Marcelo, se todo o conhecimento necessário 'a organização de um evento fosse entendido como patrimônio da cultura corporal a ser compreendido por nós, alunos, de modo a nos permitir uma atitude autônoma, crítica e criativa no planejamento e na realização de nossas práticas corporais."
(CASTELLANI FILHO, 1998, P. 57 A 64)
A organização de um festival de jogos escolar deve respeitar todos os princípios de organização da Educação Física. Se, nas aulas de Educação Física, princípios como a inclusão, a não-seletividade, a ludicidade, a reinvenção das práticas, por exemplo, são considerados fundamentais, não há motivo para se organizar um evento em bases diferentes. Assim, um festival de jogos da escola não pode assumir a mesma forma de organização de torneios do esporte de alto rendimento, que priorizam aqueles mais habilidosos, que valorizam apenas o resultado final dos jogos, que premiam apenas aqueles que alcançam melhor rendimento, etc.
Quando a Educação Física assume os códigos e valores (seleção, exclusão, histeria, injustiça, violência, inimizade, etc.) de outra instituição (a instituição esportiva), ela e a escola passam a funcionar fora de suas funções. Entretanto, como organizar um festival de jogos coerente com o projeto de escola e de Educação Física escolar? Dentre os princípios de organização de um festival de jogos, gostaria de destacar alguns, para que possamos compreender o sentido de tal evento na escola:
Organização coletiva do festival de jogos, por professores e alunos é imprescindível que desenvolvamos nos alunos a competência de organizar um cronograma de jogos e atividades. Com a supervisão do professor, os alunos podem aprender a organizar um cronograma de jogos e atividades, a formar comitês de divulgação, etc. O papel mais importante do professor no rpocesso é apontar aos alunos a necessidade de respeitar os princípios de inclusão, de não-seletividade, e a necessidade de não reproduzir todos os problemas que a organização de torneios esportivos tem perpetuado. Sempre que qualquer aspecto da organização se afastar do projeto de escola e de Educação Física, o professor deve interferir, uma vez que ele é também parte importante do processo de organização.
Arbitragem pelos alunos: no caso dos jogos coletivos, numa escola, nada mais educativo do que exigir que os alunos coloquem a prova sua capacidade de autocontrole e honestidade, não necessitando de alguém de fora para dizer o que os próprios jogadores sabem muito bem: se foi ou não falta, se a bola saiu ou não. Para os casos de dúvida, poderá haver sempre um professor a intervir, após ouvir ambas as partes.
Valorização de todos os participantes: para nós, deve ter tanto valor aquele que vence um jogo quanto aquele que aceita o desafio de jogar, ou aquele que, nem tão habilidoso, se supera pela determinação. Atitudes dignas de respeito, esforços de superação, belas jogadas, novas aprendizagens, interações lúdicas e solidárias, também são dignos de destaque. Por que destacar apenas aquele que obteve mais pontos (às vezes, à custa de violência e desonestidade)?
A ênfase na ludicidade: ao contrário de torneios esportivos de alto rendimento, que valorizam quase que exclusivamente o resultado dos jogos, um festival de jogos escolar deve valorizar a vivência dos jogos, uma interação lúdica com os colegas e o prazer de jogar. No caso dos jogos em que há adversários, deve-se colocar o prazer sempre à frente do desejo de jogar contra.
"(...) pessoas brilhando em seu próprio esplendor-todas atuando como jogadores, não como espectadores. Homens, mulheres e crianças jogando em conjunto, fluindo, entrando e saindo dos jogos que, por sua vez, também fluem e se modificam. O ar repleto de bolas, pipas e riso. Um cenário que seria ao mesmo tempo medieval e surrealista (...). Um torneio dos novos jogos"
(LEONARD, 1999: 116).

sábado, 11 de julho de 2009

Você tem espírito esportivo?


Responda às perguntas a seguir e descubra se você é do tipo que sabe perder.
1. No final do Campeonato Brasileiro, seu time perde o jogo. Como você reage?
A- Fica furioso.
B- Entende, afinal os jogadores deviam estar nervosos.
C- Fica bravo, mas logo esquece.
2. Você enviou um trabalho bem caprichado para um concurso e ele não foi selecionado, o que você fica pensando?
A- Que os outros devem ter caprichado muito também.
B- Que foi uma pena, mas vai tentar outras vezes.
C- Que foi uma tremenda injustiça, o seu trabalho era melhor.
3. Num jogo na escola, um de seus colegas comete um erro, e o outro time faz ponto. Qual a sua reação?
A- Briga com quem errou e diz que ele deveria sair do time.
B- Pede para seu amigo prestar mais atenção.
C- Tenta ajudar mais a turma para que o time vença.
4. Se ninguém tem a mesma opinião que você durante uma discussão...
A- Você vai embora de cara feia.
B- Acha normal, mas sempre as pessoas vão concordar com você.
C- Fica chateado (a) e faz de tudo para tentar convencê-los.
5. Se leva um tombo na frente de todo mundo, você...
A- Dá risada.
B- Briga com quem rir.
C- Fica envergonhado e sai sem falar nada.
6. Você faz uma aposta com seu amigo e depois descobre que estava errado. O que faz?
A- Evita encontrá-lo.
B- Continua insistindo que está certo.
C- Admite que ele está certo.
7. Quando ganha, como você trata o pessoal do time que perdeu?
A- Bem, afinal eles se esforçaram.
B- Fica pegando no pé deles por um tempão.
C- Não resiste e faz uma piadinha.

8. Um jogador do time adversárionão pára de marca-lo durante toda a partida. O que acontece?
A- Você se irrita e acaba dando um empurrão nele no final.
B- Você se irrita, mas não faz nada.
C- Você leva tudo numa boa, afinal isso faz parte do jogo.
9. Como você encara o pessoal do time adversário?
A- Como inimigos que você precisa vencer de qualquer jeito.
B- Como colegas de esporte.
C- Na hora do jogo, como adversários. Mas depois eles voltam a ser seus amigos.
10. Em um jogo contaram pontos a mais para seu time por engano. O que você faz?
A- Avisa que a contagem está errada.
B- Só fala se alguém perceber.
C- Garante que está tudo certo, mesmo se alguém mais perceber o erro.

Some seus pontos.
1.A-1 2.A-3 3.A-1 4.A-1 5.A-3
B-3 B-2 B-2 B-3 B-1
C-2 C-1 C-3 C-2 C-2

6.A-2 7.A-3 8.A-1 9.A-1 10.A-3
B-1 B-1 B-2 B-3 B-2
C-3 C-2 C-3 C-2 C-1
Resultado:

  • 10 a 16 pontos- Tente não se preocupar tanto em vencer e procure se divertir mais. Afinal, você não é melhor em tudo. Cuidado para não chatear os amigos só por causa de um jogo.
  • 17 a 23 pontos- Você às vezes fica irritado se não consegue vencer. Mas é bom companheiro e se esforçapara que o time ganhe sem atrapalhar os outros.
  • 24 a 30 pontos- Você tem espírito esportivo e não fica muito chateado quando as coisas não saem como gostaria. É um ótimo parceiro e sabe que vai ter outras oportunidades de vencer.

terça-feira, 26 de maio de 2009

A EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO

Na obra de arte retratada acima, podemos observar pessoas, jovens, crianças e adultos em grupos, participando de diversos jogos; vejamos se você consegue identificar cada um desses jogos... É interessante observar também, que essa obra é antiga, talvez tenha no mínimo uns duzentos anos, porém é tão atual!!! Quem já não brincou com bolinhas de gude, ou bambolês, pega-pega, mãe da mula? Pegando como gancho essa bela obra de arte, quero fazer com você uma reflexão sobre a educação do movimento, ou seja, a realização de atividades motoras que que visam o desenvolvimento das habilidades motoras (correr, saltar, saltitar, arremessar, empurrar, puxar, balançar, balancear, subir, descer, andar), da capacidade física (agilidade, destreza, velocidade, velocidade de reação) e das qualidades físicas (força, resistência muscular localizada, resistência aeróbica e resistência anaeróbica). Portanto, a educação do movimento prioriza o aspecto motor na formação do educando. No ambiente educacional esse trabalho pode ser distribuído ao longo de todo o período escolar, a ênfase no entanto, ocorre nas séries iniciais do ensino fundamental quando as características psicológicas e fisiológicas dos alunos correspondem às especificidades desta proposta. A educação pelo movimento caminha além do componente motor, compreendendo os aspectos afetivos, cognitivos e sociais também. Explicando melhor: a realização de atividades motoras inclinadas para a educação pelo ou através do movimento, nos trará o desenvolvimento das relações afetivas, cognitivas e logicamente motoras. Portanto, a aula de Educação Física não deve ser a mera repetição de movimentos tidos como ideais ou "mais perfeitos". Assim, qualquer espécie de proposta motora, desde que lúdica e significativa faz sucesso entre as crianças.A propósito, a obra de arte em questão é de autoria de Pieter Brueghel.

terça-feira, 7 de abril de 2009

EDUCAÇÃO "BOLÍSTICA"


Anos atrás tive um problema sério de saúde. Uma dor terrível que começava na região lombar e seguia até a ponta do pé direito. Recebi analgésicos para eliminar a dor e tive que fazer alguns exames para saber como estava minha coluna vertebral. Era o nervo ciático. A coluna estava bem. Além dos analgésicos, o tratamento incluiu repouso e algumas sessões de fisioterapia. Sarei.
Meses depois, tudo de novo. Mesmo diagnóstico e mesmo tratamento. Sarei.
E assim foi até que um fisioterapeuta abriu um atlas de anatomia, mostrou-me o que ocorria com a raiz do nervo, que estava sendo pressionada por encurtamentos musculares, e me receitou uma série de exercícios de alongamento para que eu fizesse todos os dias, de manhã e antes de ir dormir. Coisas simples, mas que faziam com que os músculos fossem alongados e deixassem de comprimir a região. Dor no ciático? Nunca mais.
Os exercícios de alongamentos musculares são essenciais para a musculatura. Antes e depois de exercícios físicos, do joguinho de futebol, ou de qualquer outra atividade, incluindo as aulas de Educação Física, são necessários os alongamentos. Onde aprendi tudo isso? Fora da escola.
Passei anos tendo aulas de Educação Física e jamais aprendi para que servem e como funcionam os nervos. Também nunca soube que os músculos precisavam ser alongados ou que posturas ergonômicas são fundamentais para nossa saúde. Aprendi a jogar bola, vôlei, basquete, futebol, futebol, futebol... Aulas de Educação Física. Aulas de bola. “Corram atrás da bola!”. “Chutem a bola!”. “Batam na bola!”. “Arremessem a bola!”. Bolas e mais bolas, anos a fio. E nada sobre o meu corpo, meu “físico”. Jogos com bola, isso sim aprendi.Aulas de educação “bolística”. Não jogo nada hoje. Nem basquete de que eu tanto gostava, nem o futebol que tanto tive de aprender. Mas ando, sento, deito, escrevo, digito, fico parado. E como devo agir com minha postura?Devo lembrar-me das aulas de Educação Física? De nada adiantaria...
As crianças nas escolas estão com problemas de coluna. Posturas inadequadas. Musculatura encurtada. Um teste simples, como ficar de pé e encostar as mãos no chão sem dobrar os joelhos, pode facilmente demonstrar como estão fisicamente os alunos. Não conhecem o próprio corpo nem os resultados do sedentarismo. Não são conscientes de suas posturas inadequadas nas carteiras escolares, nem da melhor forma de se movimentarem. Não sabem nada sobre ergonomia. E todos tem Educação Física. Obviamente que ela sozinha, pouco fará. Entretanto, sem ela tudo ficaria pior.
Poucos professores estão fazendo a diferença. São poucos que levam a sério o próprio curso que fizeram e ensinam seus alunos a terem saúde física em seus múltiplos aspectos.
A Educação Física está evoluindo, crescendo e se atualizando. Precisamos incentivar e exigir que todos os professores acompanhem a evolução. É preciso levar em conta todas as transformações sociais que induzem ao sedentarismo e à alimentação inadequada. É preciso ensinar não apenas no campo da teoria, os fundamentos para uma vida saudável. A mera informação tem se mostrado insuficiente para a alteração ou construção de comportamentos favoráveis à proteção e à promoção da saúde do educando, e cabe à Educação Física escolar a responsabilidade de lidar de forma específica com alguns aspectos relativos aos conhecimentos procedimentais, conceituais e atitudinais característicos da cultura corporal de movimento.
Não podemos ser simplistas e considerar apenas a saúde física, mas ajudar os alunos a construir vínculos significativos com os elementos de sua própria cultura, no campo dos jogos, brincadeiras, esportes, danças e outras manifestações culturais. Obviamente o objetivo desse texto não é o de aprofundar a discussão sobre objetivos, metodologias ou currículos da Educação Física escolar. Nosso objetivo é a revalorização tanto da Educação Física em si como do professor. Para isso, é preciso mudar.
Para isso, a escola precisa mudar. As aulas de educação “bolística” também.


(texto de Marcos Méier, Professor de Matemática, Psicólogo, Mestre em Educação. Revista Aprendizagem.)